Segunda fase da Pesquisa “Saúde financeira das mulheres negras em tempos de Covid-19”

A pesquisa revelou as principais dificuldades para a carreira e os negócios de mulheres negras durante a pandemia.

As mulheres negras (incluindo pretas e pardas) são responsáveis pela base econômica do país, movimentando cerca de 700 bilhões de reais por ano. Mas com as medidas de isolamento social devido à pandemia da Covid-19, que tornaram ainda mais críticas as desigualdades de gênero e raça no Brasil, a saúde financeira dessas mulheres pode ser profundamente abalada.

Para mapear os impactos das medidas de isolamento na vida econômica de mulheres negras do Brasil, o ID_BR lançou a segunda fase pesquisa Saúde Financeira das Mulheres Negras em tempos de Covid-19. 

A primeira fase da pesquisa foi realizada logo no início das medidas de isolamento em parceria com as instituições Empodera, Empregueafro e Faculdade Zumbi dos Palmares. O estudo deixou evidente que, apesar do momento de incertezas geradas pela pandemia, parte das respondentes apresentavam um comportamento otimista. Mas com a ampliação das restrições e o fim da pandemia cada vez mais distante, a situação dessas mulheres se torna mais delicada a cada dia. 

Para pensar em ações concretas de apoio à redução dos impactos na vida financeira das mulheres negras, nesta segunda fase da Pesquisa, procuramos entender a situação financeira, emocional e psicológica que essas mulheres se encontram neste momento. Também foi possível investigar se as mulheres negras que empreendem optaram por abrir seu negócio ou foram empurradas para um empreendedorismo por necessidade. 

Os dados da segunda fase da pesquisa realizada pelo ID_BR revelaram que das empreendedoras respondentes, 83% se autodeclaram pretas (segundo definição do IBGE). Este dado aponta o quanto mulheres negras de pele mais retina tendem a não ser absorvidas pelo mercado de trabalho. Os dados também apontam que 60% das respondentes são empreendedoras por necessidade e desse total, 15% empreenderam a partir da quarentena, pois perderam o emprego ou tiveram a fonte de renda reduzida.

Além disso, com o prolongamento da quarentena, o Auxílio Emergencial de R$600,00 mensais, concedido pelo Governo Federal, se tornou indispensável para a manutenção do sustento de muitas dessas mulheres e suas famílias. 

Uma dessas mulheres, identificada na pesquisa como N.P, convive com o medo e a incerteza durante a pandemia. “Aumentou a minha preocupação e o estresse. Esse dinheiro do governo é muito incerto, eu sou desempregada, e estou perdendo a fé, e o que me deixa mais triste e a situação do meu filho que eu tenho medo e pavor que falte algo pra ele.” contou.

Mas este não é um caso isolado. Assim como a respondente da pesquisa N.P, 81% das mulheres perceberam mudança de comportamento, com impacto na saúde mental, durante o isolamento. Destas, 45% apontaram que precisam de apoio psicológico e entre o grupo que são “mães solo” 45% indicaram que seu adoecimento mental foi gerado por questões financeiras. 

Confira a pesquisa completa CLICANDO AQUI 

Diante de todos os dados apontados na pesquisa, concluímos que a situação financeira, emocional e psicológica que a mulher negra se encontra neste período de pandemia é extremamente delicada. 

Por isso, todos nós, instituições e sociedade, precisamos dar atenção à situação das mulheres negras. Seja na criação de mecanismos e políticas públicas e privadas que apoiem à subsistência dessas mulheres para uma futura recolocação no mercado de trabalho, ou até mesmo incentivando seus negócios num período pós pandemia. O que não podemos, é ignorar as condições financeiras deste grupo, que tende a se agravar conforme se estende esse período atípico que estamos vivenciando.