Racismo Recreativo: se causa constrangimento, não é piada!
Nathália Souza | Comunicação
Você sabe o que é racismo recreativo e como ele se manifesta?
O termo Racismo Recreativo se refere a “piadas” e “brincadeiras” que, aparentemente, são inofensivas e/ou um meio rotineiro de interação social, mas que possuem um cunho racial em que associa as características, físicas e culturais, das pessoas negras ou indígenas como algo inferior ou desagradável.
Para o Doutor em Direito, Adilson Moreira, o racismo recreativo está camuflado em uma “categoria de humor” que retrata “a negritude como um conjunto de características esteticamente desagradáveis e como sinal de inferioridade moral”.
Por ser estrutural, o racismo manifesto em forma de “humor” reforça os vieses inconscientes construídos anos e anos pela sociedade e colabora para legitimar uma agressão maquiada de brincadeira.
Geralmente a pessoa que faz esse tipo de “piada” não identifica o constrangimento causado e muitas vezes quando questionada, utiliza o argumento de não ter tido a intenção de ofender. Mas será que não ter a intenção é o suficiente?
Somos seres sociáveis e, quando falamos sobre racismo, falamos sobre interação. Por isso, a abordagem é sobre a responsabilidade social. Nesse sentido, é importante olhar para o efeito que estas piadas produzem e não para a intenção de quem proferiu.
O racismo recreativo nas empresas
O ambiente de trabalho tem como característica principal de socialização as relações hierárquicas diretas, pensando nisso é muito importante o letramento racial de quem ocupa esses espaços. Afinal, é necessário entender como o racismo estrutural se manifesta para não reproduzir esse tipo de agressão.
Racismo disfarçado de “piada” ou em tom de “brincadeira” também gera diversos efeitos negativos para quem o recebe, tanto quanto os proferidos de maneira explícita.
Essas micro agressões causam insegurança, baixa autoestima e até doenças psicológicas na esfera individual, enquanto que na esfera coletiva temos como alguns dos efeitos a falta de sensação de pertencimento, ausência e invisibilização de pessoas negras e indígenas no ambiente corporativo.
De acordo com pesquisa realizada pela plataforma de empregos Indeed, em parceria com o Instituto Guetto, 47,8% dos profissionais negros não têm a sensação de pertencimento nas empresas em que trabalham.
É importante que a empresa tenha um RH atento a essas questões, pois nem sempre vão existir denúncias sobre esse tipo de discriminação, mas não necessariamente isso é sinônimo de que a situação não existe.
Ter uma equipe letrada na pauta racial é fundamental para investir na diversidade e inclusão, e sobretudo, construir um ambiente corporativo mais igualitário.
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